terça-feira, 6 de outubro de 2009

A São Paulo gay

Dia desses, resolvi fazer um programa que há tempos não fazia: Sair de carro, sozinho e sem rumo, por São Paulo.
Sempre gostei de dirigir por aí, sem destino, sem hora pra voltar, com o som alto e com um maço de cigarros pronto para ser queimado. Fiz isso muito na época em que comecei a dirigir, mas com o passar dos anos e com os novos programas que surgem, os velhos hábitos nem sempre são mantidos.

Toquei para o bairro dos Jardins, em especial, a rua Oscar Freire, reduto de emergentes, integrantes de famílias quatrocentonas, curiosos, turistas, fashionistas e gays, muitos gays. Foi dar a seta à esquerda e entrar na tal rua, que pude avistar três amigos, repletos de sacolas de marcas famosas. O trânsito estava carregado, então tive a sorte (sic) de parar no semáforo e analisar, por rápidos dois minutos, aqueles três. Bom, todos estavam na faixa de 40 e poucos anos, dois deles, bastante sarados e o teceiro, estilo urso. As sacolas denunciavam seus gostos excessivos por moda, sem falar, nas roupas que vestiam. Todos com grandes óculos de sol, estilo aviador. Os sarados, com camisetas grudadas, para que todos vissem seus músculos. O urso, com camiseta, bermuda, tênis e um cachecol. E olha, estava calor em São Paulo. Qualquer um, que não cego, podia enxergar que héteros, não eram.

Ok, alguns podem estar se perguntando: Mas o que o Paulistano tem a ver com o gosto dos caras? Ele paga as compras e as contas dos três? O post dele está sendo preconceituoso ou não?

Bom, vamos lá: Realmente, nada tenho a ver com a vida dos caras. Eles fazem o que bem entendem e possivelmente, estando fora do armário, são muito mais felizes e decididos do que eu. Não pago as contas nem os luxos de nenhum deles, então, pouco tenho que achar estranho o fato do cachecol no pescoço. E sim, o post está sendo um tanto quanto preconceituoso, pois se não estivesse, eu não me daria ao trabalho de postá-lo. Ele simplesmente passaria batido, dando espaço pra qualquer outra pauta.

Pouco mais à frente, na mesma rua, vejo um casal, dessa vez emparelhado num semáforo ao meu lado. Com os vidro fechados e lacrados com insul film, eles não me viam, mas eu pude vê-los dando um selinho e na sequência, olhando para os lados para ver se alguém na rua, ou se o motorista do carro ao lado, no caso, eu, teria visto.
Eu, que estou longe de ser santo e que já tive meus momentos de namoro sobre quatro rodas, achei a atitude ousada e ao mesmo tempo, "fofa".

Paradoxalmente, a ótica com a qual fui à Oscar Freire me fez pensar em muitas coisas, como exemplo, que sair do armário não necessariamente tem a ver com usar cachecol numa tarde de sol. Nem usar camisetas PP, em corpos que requerem camisetas G. Sair do armário pode ser simplesmente se permitir viver alguns desejos e se permitir ser feliz, do seu jeito.
Uma vez li em algum lugar, que devemos nos preocupar mais com aquilo que não queremos ser, do que com aquilo que queremos ser. E faz sentido. Se você objetiva não ser uma pintosa da Oscar Freire, você não vai ser uma pintosa da Oscar Freire. Dá pra gostar de homem, sendo homem e dá pra gostar de homem e passar desapercebido.

Mais uma vez ficou provado pra mim, que, GAY, embora tenha apenas três letras e intangível, é maior e mais pesada do que PARALELEPÍPEDO, com catorze letras e tangível.
Se pra mim, que tenho experiências com caras, isso pesa, imagino para a minha família, que é tradicional quando trata-se desse assunto. Só por Deus.

2 comentários:

  1. Na próxima vez me chama para dar uma volta com você. Tomamos um sorvete e comemos um bolinho de bacalhau.

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